Scroll

Video full HD, 13:19 min

[PT] Durante a pandemia de covid-19, encontrei, no porão de onde morava, uma bolsa repleta de mofo, poeira e filmes fotográficos de 35mm, marcados com datas dos anos 2000 e nomes de cidades: Buenos Aires, Atenas, Bangkok, Singapura, Paris, Seul, Santiago, entre outras. Descobri que o antigo dono da casa onde alugava um pequeno quarto sem janelas, tão enclausurante quanto a vida naquele momento, quando vivo tinha sido um fotógrafo obcecado pelas pessoas, curioso e sem vergonha de chegar perto, provavelmente um caminhante incansável que de alguma forma se fazia entender por meio de alguma linguagem transfronteiriça, de movimento eficaz entre gerações, gêneros e classes sociais.

Esgotado pelo scrolling digital daqueles meses, naquele quarto escuro, digitalizei todo o arquivo, fiz uma edição do meu agrado e imprimi, costurando-a em forma de livro, como querendo mudar o tato das imagens e desvirtualizar os dias. O usei principalmente como uma desculpa para sair e perambular pelo bairro até onde podia ir, acessando os espaços dos vizinhos e mostrando-lhes o conteúdo que eu tinha criado.

Filmei um argentino catador de recicláveis, um bailarino venezuelano, a adolescente costarriquenha da cigarreira, a venezuelana da lavanderia e um pescador artesanal portenho percorrerem e reagirem à sequência de imagens do falecido fotógrafo viajante, expondo suas visões pessoais em relação à vida e às pessoas que apareciam nas imagens. 

O vídeo, que enquadra apenas as mãos dos leitores, se concentra nos seus gestos e falas, indagando sobre o consumo das imagens em seus fluxos e capacidades de oscilações.


[EN] During the Covid-19 pandemic, I found, in the basement of where I lived, a bag full of mold, dust and 35mm photographic film, marked with dates from the 2000s and city names: Buenos Aires, Athens, Bangkok, Singapore, Paris, Seoul, Santiago, among others. I discovered that the previous owner of the house where I rented a small windowless room, as cloistering as life at that moment, when alive had been a photographer obsessed with people, curious and not ashamed to get close, probably a tireless walker who somehow made it understood through some universal language, of effective movement between generations, genders and social classes.

Exhausted by the digital scrolling of those months, in that dark room, I digitized the entire file, edited it and printed it, stitching it into a book, as if wanting to change the texture of the images and devirtualize the days. I mainly used it as an excuse to go out and roam the neighborhood as far as I could go, accessing neighbors' spaces and showing them the content I had created.

I filmed an Argentine recyclable collector, a Venezuelan dancer, the Costa Rican teenager with the grocery store, the Venezuelan woman with the laundry and an artisanal fisherman from Buenos Aires go through and react to the sequence of images of the late traveling photographer, exposing their personal views on life and the people who appeared in the images.

The video, which only frames the readers' hands, focuses on their gestures and speech, asking about the consumption of images in their flows and oscillations capabilities.

Using Format